Ano novo. Esperanças renovadas. Sol. Verão. Calor. E tragédias. Mais uma vez o ano se inicia em meio à catástrofe. Infelizmente, assim como o tender, peru e castanhas, desalojados, desabrigados e mortes já estão virando “tradição” na virada de ano no Rio.Enquanto uns comemoravam a chegada da chuva e a queda da temperatura, outros milhares sofriam com as suas consequências.
Mas a culpa é da natureza? Não sou especialista no assunto, mas mesmo considerando o grande volume e a força da água, é óbvio que outros fatores são mais determinantes para essas tragédias.
Até quando a população vai pagar pela negligência dos seus governantes? Até quando esses mesmos governantes vão continuar optando por remediar a situação e não pela prevenção? Quantas pessoas ainda precisarão pagar com as vidas?
Então respondendo a pergunta, a culpa é da falta de fiscalização, de investimentos, ocupações irregulares, desvio de recursos, lixo acumulado.
É um absurdo que hoje, depois de outras tragédias semelhantes, nada de efetivo tenha sido feito para evitar. Pelo contrário, na Região Serrana do Rio, que foi devastada em 2011, somando mais de 900 mortes, até hoje são visíveis os sinais da destruição e muito pior: o desvio de verba mostrando a face mais cruel e vergonhosa do ser humano.
Mesmo com esse histórico recente: Região Serrana, Angra do Reis, Morro do Bumba, nada foi feito em termos de prevenção de desastres. Em Caxias, por exemplo, a prefeitura e o governo do estado tinham em mãos estudo apontando 98 áreas com risco de deslizamentos no município desde 2011. O que foi feito? A tragédia responde por si só. NADA.
É inadmissível que se tenha recursos para demolir e construir novos estádios, para por abaixo o velódromo do Rio, construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, e que custou R$ 14 milhões, para construir um novo, pois ele não atende aos padrões olímpicos. Mas por que cargas d’água ele não foi construído com esses padrões? Agora veremos R$ 14 milhões virar poeira..
E, em paralelo a isso, muitos lugares não têm nem mesmo saneamento básico. E a culpa é da natureza? Definitivamente NÃO. É um problema muito mais social do que “natural”.
Mas nós não somos somente vítimas. Temos nossa parcela de culpa também. Assim como é intolerável como muitas pessoas vivem, ou melhor, sobrevivem, a margem da sociedade, sem o apoio dos seus governantes, é ver como muitos ainda não têm consciência ambiental e não entendem, ou não querem entender, que aquele lixo que é jogado no rio, nas calçadas, é o mesmo que invade as suas casas nas enchentes. Como pode em 2013 vermos pessoas jogando fraudas pela janela do carro? Garrafas, copos, papéis. Porque essas são cenas muito comuns de se ver.
Que essas tragédias pelo menos sirvam como exemplo de que precisamos cobrar mais, avaliar mais na hora de votar e não trocar nosso voto por R$ 50 reais ou por cervejas e churrasco, e para tomarmos definitivamente consciência de que a natureza precisa ser cuidada e respeitada.