segunda-feira, 23 de junho de 2008

Corrupção (realidade x ficção)

Não. Não vim aqui escrever sobre políticos acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, entre outros crimes. Na verdade, o assunto estará intríseco, mas o político neste caso, como prometi no outro post, é o da ficção: Romildo Rosa, personagem do ator Milton Gonçalves, de A Favorita.
O personagem retrata a imagem do político corrupto tão comum no país. Ah..esqueci de mencionar: político corrupto e negro. Se é que faz algum diferença esta última informação. E é sobre a questão do fazer diferença ou não que vou abordar . Outro ponto importante então é lembrar que o cara também é jornalista.
O que me fez tocar neste assunto foram notícias de que integrantes de movimentos negros disseram achar que o personagem do ator denigre a imagem desta (grande) camada da população, por ele ser um personagem negro, que é corrupto. Não sei se a notícia soou tão absurda para vocês, como para mim. Mas por favor, neste caso não estou generalizando nem criticando o movimento de uma forma geral, dizer que as pessoas associam a corrupção praticada pelo Romildo Rosa a sua cor é querer fazer uma tempestade em copo d' água não? Ainda bem que eu lembrei desta expressão, por um segundo iria falar que é porque a coisa ficou preta..Ufa!(Pelo amor de Deus, não me processem, isto é uma brincadeira, pois não acredito que este tipo de questionamento realmente exista).
Durante uma entrevista ao colunista do Jornal o Globo, Jorge Bastos Moreno, Milton Gonçalves disse estar sofrendo um tipo de pressão por interpretar este personagem. Sério que alguém associa a cor do personagem ès irregularidades que ele comete? Alguém deixaria de votar em algum político negro por causa disto?
Não sou dessas que se ilude, ou tenta iludir, argumentando que preconceito não existe. Sei que ele ainda se encontra presente, mas acredito que em proporções bem menores. Este tipo de manifestação comprova que muitas pessoas destes movimentos, ou até quem não faz parte de movimento algum, são em grande parte as mais preconceituosas.
Creio que levar a discussão para este patamar é um retrocesso. Este tipo de "reivindicação", não sei nem como chamar estas reclamações, não deveriam acontecer. (Se bem que lembro de ter escutado que algumas enfermeiras também criticaram o fato da Alzira, aquela do poste, fazer parte da categoria por denegrir a imagnem das profissionais). Se for assim, os personagens não terão mais cor, profissão, endereço. Se for assim, as novelas não poderão mais ter vilões? A Federação dos Jornalistas deve entrar na briga também pelo fato do personagem ser jornalista?
Mas voltando ao post anterior, você deve estar se perguntando qual a relação do Barack Obama com esta história, além de algumas semelhanças entre ele e o personagem..O fato é, acreditem se quiser, o ator declarou que já escutou pessoas dizerem que Romildo poderia atrapalhar a camapanha presidencial do Democrata. Ou seja, não só são capazes de falar que o personagem mancha a imagem , e pode prejudicar a candidatura de políticos negros no país, como chegam ao exagero de levantar a possibilidade disto interferir nas eleições americanas...
Faça-me o favor..Ta parecendo coisas do Fantástico Mundo de Bob...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Eleições e vices

Achei uma charge em um blog, se não me engano foi no Noblat, e como o assunto das eleições americanas, ou melhor, do espetáculo que é a corrida eleitoral na terra do Tio Sam, esta em alta, resolvi postá-la.
Outro motivo foi para não perder a chance de rir, e fazer rir, dos vascaínos e botafoguenses, eternos vices..rs
Mais tarde vou escrever um pouco sobre o assunto, não dos vices, mas das eleições, e um fato que li no final de semana de alguém falando sobre uma possível relação (intervenção), absurda por sinal, do personagem do ator Milton Gonçalves, o político corrupto da novela A Favorita, com a candidatura do Barack Obama.
Por equanto deixo a foto...





quarta-feira, 11 de junho de 2008

Apresentação

Como disse anteriormente: decidi me render ao mundo dos blogs. Sempre gostei muito de ler estes "diários vistuais", mas nunca pensei em entrar para este time. Não que eu tivesse algo contra essa febre. Até porque, como disse, sempre me interessei por este tipo de leitura. Mas nunca tinha pensado na possibilidade de criar um. Mesmo trabalhando em um diário e escrevendo matérias todos os dias, não gostava muito da idéia de compartilhas opiniões mais pessoais. E, entretanto, foi justamente este o motivo que me fez criar o Território Livre: poder escrever de forma mais pessoal e opinativa. Comecei a sentir falta disto. De escrever de forma mais livre. Livre de formato, de temas, de tempo, de espaço..
So preciso me acostumar a idéia de fazer isto fora do meu caderninho de anotações, ou como preferiremdo meu diário, e conseguir adaptar o meu tempo..

terça-feira, 10 de junho de 2008

Resolvi me render ao blog. Decidi começar com um artigo que escrevi para o jornal em que trabalho, e após esta postagem faço uma apresentação do que será este espaço. A pressa para postar o texto é aproveitar que o assunto está em foco e presente em praticamente todos o meios de comunicação como nunca esteve antes. Como é também um assunto de importância pessoal, achei por bem começar desta forma.

Em que mundo nós estamos?

Uma repórter, um fotógrafo e um motorista do Jornal O DIA foram seqüestrados e torturados na Favela do Batan, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, quando faziam uma matéria especial para o veículo. Uma notícia como esta, seis anos após o jornalista Tim Lopes ter sido torturado e executado pelo traficante Elias Maluco, já causa indignação por si só.

Espanto? O espanto fica por conta das vítimas pertencerem a um meio de comunicação, porque, na verdade, seqüestros e torturas já fazem parte do cotidiano destas comunidades. O assombro maior surge quando, diferente do que a maioria pensa quando começa a ler a notícia, se descobre que os responsáveis por esta barbárie não são traficantes, e sim os que deveriam, e são pagos, para garantir a segurança da população: policiais e até ex-policiais.

A milícia, como é chamado este grupo formado por policiais, ex-policiais, bombeiros, agentes penitenciários e militares, é uma organização que surgiu em uma favela do Rio de Janeiro há pouco menos de 30 anos, se espalhou por outras comunidades, e, diga-se de passagem, sem qualquer impedimento das autoridades, que até pouco tempo não confirmavam abertamente sobre esta prática.O grupo atua da seguinte forma: acaba com o tráfico na área, expulsando ou até mesmo matando os traficantes, mas, em contrapartida, cobra taxas de segurança para moradores e comerciantes locais. Todos os serviços são cobrados pelos milicianos: serviços de transporte alternativo, como van, kombi, mototáxi, botijão de gás, ligações clandestinas de TV a Cabo, etc. Nem precisa citar que as cobranças, que já são arbitrárias, tem ainda o agravante de serem feitas mediante ameaças. Em uma única palavra: Extorsão. Fora o fato de serem uma quadrilha e cometerem homicídios, caso suas ordens não forem cumpridas.

Diante desta realidade, com a atuação cada vez mais presente destes bandidos fardados nas comunidades, chegamos ao ponto dos cariocas estarem preferindo, e até sentindo saudade, da época em que havia o domínio de traficantes nos locais hoje ocupados pelas milícias.Não é de se estranhar a opção, levando-se em conta que em ambos os casos os moradores são obrigados a seguir as leis próprias das favelas, como se vivessem em um “estado paralelo”, sendo que com a presença do tráfico, pelo menos dentro dos limites da área, esta população diz se sentir mais segura. Atualmente, existem apelos para a volta de criminosos, que já foram notícia devido atos de extrema crueldade, porque os que deveriam garantir a segurança e manter a ordem não estão cumprindo o seu papel devidamente.

Antigamente existia a insegurança de andar pelas ruas a noite. Depois, começamos a ficar sujeitos a assaltos a qualquer hora do dia. Hoje, além de andarmos atemorizados com a possibilidade de não sermos apenas assaltados, mas também torturados brutalmente pelos bandidos, somos obrigados a conviver com uma polícia que não é polícia, que comete os crimes mais cruéis em nome de uma falsa segurança. Convivemos na verdade com bandidos que já se misturaram e estão infiltrados dentro do poder público.

Quando achamos que não podemos nos surpreender com mais nada, que os níveis da criminalidade já alcançaram níveis insuportáveis e inimagináveis, acontece algum fato que nos faz constatar que realmente não sabemos onde vamos parar.

Priscilla Malafaia – jornalista do A VOZ DA CIDADE, nascida no Rio de Janeiro, e que após seis anos no interior, tem restrições sobre voltar a morar na capital.