terça-feira, 10 de junho de 2008

Resolvi me render ao blog. Decidi começar com um artigo que escrevi para o jornal em que trabalho, e após esta postagem faço uma apresentação do que será este espaço. A pressa para postar o texto é aproveitar que o assunto está em foco e presente em praticamente todos o meios de comunicação como nunca esteve antes. Como é também um assunto de importância pessoal, achei por bem começar desta forma.

Em que mundo nós estamos?

Uma repórter, um fotógrafo e um motorista do Jornal O DIA foram seqüestrados e torturados na Favela do Batan, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, quando faziam uma matéria especial para o veículo. Uma notícia como esta, seis anos após o jornalista Tim Lopes ter sido torturado e executado pelo traficante Elias Maluco, já causa indignação por si só.

Espanto? O espanto fica por conta das vítimas pertencerem a um meio de comunicação, porque, na verdade, seqüestros e torturas já fazem parte do cotidiano destas comunidades. O assombro maior surge quando, diferente do que a maioria pensa quando começa a ler a notícia, se descobre que os responsáveis por esta barbárie não são traficantes, e sim os que deveriam, e são pagos, para garantir a segurança da população: policiais e até ex-policiais.

A milícia, como é chamado este grupo formado por policiais, ex-policiais, bombeiros, agentes penitenciários e militares, é uma organização que surgiu em uma favela do Rio de Janeiro há pouco menos de 30 anos, se espalhou por outras comunidades, e, diga-se de passagem, sem qualquer impedimento das autoridades, que até pouco tempo não confirmavam abertamente sobre esta prática.O grupo atua da seguinte forma: acaba com o tráfico na área, expulsando ou até mesmo matando os traficantes, mas, em contrapartida, cobra taxas de segurança para moradores e comerciantes locais. Todos os serviços são cobrados pelos milicianos: serviços de transporte alternativo, como van, kombi, mototáxi, botijão de gás, ligações clandestinas de TV a Cabo, etc. Nem precisa citar que as cobranças, que já são arbitrárias, tem ainda o agravante de serem feitas mediante ameaças. Em uma única palavra: Extorsão. Fora o fato de serem uma quadrilha e cometerem homicídios, caso suas ordens não forem cumpridas.

Diante desta realidade, com a atuação cada vez mais presente destes bandidos fardados nas comunidades, chegamos ao ponto dos cariocas estarem preferindo, e até sentindo saudade, da época em que havia o domínio de traficantes nos locais hoje ocupados pelas milícias.Não é de se estranhar a opção, levando-se em conta que em ambos os casos os moradores são obrigados a seguir as leis próprias das favelas, como se vivessem em um “estado paralelo”, sendo que com a presença do tráfico, pelo menos dentro dos limites da área, esta população diz se sentir mais segura. Atualmente, existem apelos para a volta de criminosos, que já foram notícia devido atos de extrema crueldade, porque os que deveriam garantir a segurança e manter a ordem não estão cumprindo o seu papel devidamente.

Antigamente existia a insegurança de andar pelas ruas a noite. Depois, começamos a ficar sujeitos a assaltos a qualquer hora do dia. Hoje, além de andarmos atemorizados com a possibilidade de não sermos apenas assaltados, mas também torturados brutalmente pelos bandidos, somos obrigados a conviver com uma polícia que não é polícia, que comete os crimes mais cruéis em nome de uma falsa segurança. Convivemos na verdade com bandidos que já se misturaram e estão infiltrados dentro do poder público.

Quando achamos que não podemos nos surpreender com mais nada, que os níveis da criminalidade já alcançaram níveis insuportáveis e inimagináveis, acontece algum fato que nos faz constatar que realmente não sabemos onde vamos parar.

Priscilla Malafaia – jornalista do A VOZ DA CIDADE, nascida no Rio de Janeiro, e que após seis anos no interior, tem restrições sobre voltar a morar na capital.

8 comentários:

Luciana de Lima Dittz disse...

Pri, a mais nova blogueira da internet, seja bem-vinda a este universo! :)

Sobre o artigo, é uma pena que vivamos numa sociedade em que a sensação de impotência e insegurança esteja tão presente.

Excelente texto, amiga.
Tenho certeza de que muitos outros virão no seu blog. Beijos!

Unknown disse...

Como assim miha amiga se rendeu ao blog!!!!!!!!!!!Agora sim, tamo junto prizuca!
Beijocas!

Anônimo disse...

Aháaaa...eu sabiaq se renderia ao mundo dos blogueiros! Seja bem vinda!
Parabéns pelo blog e qto ao texto, vc sabe... já lhe dei minha opinião!!!
Muitos beijos!

Anônimo disse...

Pri.. vi no seu msn o site e fui ler.. adorei!! mto bom mesmo! qdo crescer gostaria mto de escrever pelo menos parecidooo com vc! hehehe
PARABÉNS!! boa sorte com o blog!

Anônimo disse...

Pri, parabéns tenho muito orgulho de ter você como amiga! Adorei o que escreveu e é assim mesmo..., acredite cada dia mais em você.
Abraços,
Fabiano Fernandes

Thaissa Costa disse...

Oie! Falei que passaria por aqui e o que prometo cumpro. rs Mas não vim obrigada não. Fico feliz de ver e participar desse teu espaço. Beijão e te linco lá no prefiro suco. Smack

Renatinha disse...

fazendo favor de atualizar!!!!!!!!
beijo amiga!

silvanamj disse...

Este mundo está mesmo estranho...mas quando vejo uma orquestra feita de pessoas carentes do Recife(passou no Faustão - hoje), respiro um pouco mais aliviada e volto a acreditar nos seres humanos. Parabéns pelo blog!
Silvana (mãe da Thaissa)